
É DA CAMPINA - com Joimara Camilotti
Por que Xanxerê nunca mais teve um cinema?
Muitos xanxerenses viveram a era de ouro na Campina, e não me refiro à venda de madeira, que deixou muita gente bem de vida, mas, sim, à época em que dava para ir ao cinema em uma sala escura, no centro da cidade.
Os encontros eram em plena rua Coronel Passos Maia, a amada e odiada mão única, que até hoje conserva o prédio que abrigou o Cine Luz, que era de propriedade das famílias Tonial e Callfass.
Os meus pais, os de muitos de vocês, e até vocês, conheceram o lugar. Eu, cresci ouvindo histórias de como era uma cidade com cinema. Dos filmes de bang-bang, dos pés batendo no chão, motivados por cenas do projetor, das balas e gomas de mascar, da troca de gibis antes da entrada para a sessão, dos encontros, beijos e namoros que por lá surgiram.
De tanto que ouvi falar, sempre gostei de imaginar como eram as tais matinês, com que roupas moças e rapazes iam, como eram os cortes de cabelo, qual era o cheiro que tinha no ar. E, quando penso, a sensação é de que os frequentadores eram privilegiados, que não importava se iam a pé ou com o carro do ano, se calçava botina ou um all star, se fazia sol ou chuva, a impressão é de que todos curtiam aquele momento na mesma alegria e intensidade.


Mas, uma grande enchente acabou levando a diversão dos xanxerenses embora. As águas do Rio Xanxerê transbordaram e foram levando tudo que havia pela frente. A enxurrada trouxe muitos transtornos, muitos prejuízos e marcou a vida de muita gente.
Desde então, Xanxerê nunca mais teve um cinema. Se ouvia daqui ou dali, que algum empresário tinha a intenção de abrir uma sala novamente, mas já se passaram mais de 50 anos e até hoje... nada. Só restou a lembrança de quem viveu à época e a vontade em quem não teve esse privilégio.
E, será que a Campina comportaria um cinema nos tempos de hoje?
**Fotos: Arquivo Ivo Zolet