Covid-19


Médico fala sobre segurança e eficácia das vacinas para as crianças

Por: Francieli Corrêa 03/02/2022 às 15:36 Atualizado: 10/02/2022 às 19:43
Foto: Julio Cavalheiro/Secom

Após 15 dias do início da vacinação contra a covid-19 para as crianças de cinco a 11 anos, pouco mais de 600 foram vacinadas em Xanxerê. O número é baixo comparado ao total de crianças do município, correspondendo a apenas 14% do esperado. A baixa procura pela imunização desse público se deve muito às notícias falsas que causam receio nos pais em levar os filhos para receber o imunizante, apesar de várias autoridades em saúde e gestores apoiarem a campanha pela vacina.

Para falar sobre a segurança e eficácia dos imunizantes para as crianças e tirar algumas das dúvidas que os pais ainda têm, o Tudo Sobre Xanxerê conversou com o médico e diretor técnico da Secretaria Municipal de Saúde de Xanxerê, Diego Davi Corso, que atua no combate ao vírus desde o início da pandemia. Confira: 

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1. As vacinas oferecidas são seguras para as crianças?

Sem dúvidas. Os laboratórios que desenvolvem vacinas utilizam tecnologias de ponta. Além disso, os benefícios apontados pela Anvisa para liberar as duas vacinas para uso pediátrico são os mesmos para ambas as vacinas: redução de internações, de casos graves e de óbitos de crianças por covid-19. As pesquisas já desenvolvidas demonstraram que as vacinas da Pfizer e CoronaVac são seguras e desenvolvem produção de anticorpos, ou seja, produzem defesa contra a infecção por covid-19.

Além da análise técnica minuciosa da Anvisa, a segurança das vacinas também pode ser observada a partir do uso em escala mundial. A vacina pediátrica da Pfizer tem sido utilizada em mais de 30 países, dentre eles a Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França e Portugal, sendo mais de 8 milhões de doses apenas nos Estados Unidos. 

Já a Coronavac já está sendo aplicada em crianças na China, Chile, Hong Kong, Indonésia e Equador.

2. Que reações podem ocorrer após a vacina? E o que os pais podem fazer nesses casos, podem medicar?

As reações são comuns a qualquer imunizante. Dor de braço, dor de cabeça, cansaço e febre são os mais comuns, e desaparecem em poucos dias mesmo sem o uso de medicamentos. Esses efeitos são semelhantes a um resfriado comum e são indicativos de que o corpo está produzindo resposta imune.

Esses sintomas não significam que foi infectada, e nas pessoas que não tiveram sintomas não significa que a vacina não fez efeito. É importante lembrar que cada corpo reage de maneiras diferentes. Da mesma maneira quando duas pessoas comem o mesmo alimento e uma apresenta desconforto.

Os pais podem medicar com analgésicos, manter uma alimentação leve e ingerir bastante líquidos, e em caso de qualquer dúvida procurar atendimento.

3. Qual a incidência de casos mais graves de reações e quais seriam elas? 

Casos graves são raros, melhor dizendo, raríssimos. Nos Estados Unidos, a vacina da Jonhson & Jonhson/Janssen apresentou um tipo raro de coágulo sanguíneo aliado ao baixo nível de plaquetas em somente 06 (seis) gestantes. Inicialmente foi interrompida a vacinação, porém após análise do CDC, voltaram a serem aplicadas com recomendação. Esse efeito foi observado com uma frequência inferior de 01 (um) caso em 100 (cem) mil vacinados, esta frequência é considerada como um efeito raro. Podemos falar que este efeito raro de coágulo sanguíneo foi observado nos primeiros 14 (quatorze) dias após a vacinação e em alguns poucos casos tiveram resultado fatal.

4. Quando devemos procurar atendimento médico após se vacinar?

A recomendação é procurar atendimento médico urgente quando sentir uma dor de cabeça grave ou persistente, visão turva, confusão ou convulsão;

Desenvolver falta de ar, dor no peito, inchaço nas pernas, dor nas pernas, ou dor abdominal persistente;

Notar hematomas incomuns na pele ou identificar pontos redondos além do local aonde fora aplicada a vacina.

E, na realidade, ainda não há provas de que a vacina poderia ter causado esses eventos de coagulo, segundo os especialistas que continuam a investigar.

5. As vacinas disponíveis são eficazes contra as novas variantes?

Quando surgem indícios de uma variação do vírus que está em transmissão, os órgãos de saúde mundial e os laboratórios imediatamente iniciam testes para verificar a eficácia das vacinas que estão sendo aplicadas. Isso tem ocorrido desde a primeira versão da vacina. Todas as variantes que surgiram até hoje, as vacinas estão sendo efetivas para a produção de anticorpos para conter uma possível infecção.

6. A vacina evita a infecção e a transmissão do vírus? Por que a vacinação é necessária?

A vacina é considerada um professor para que nosso organismo conheça o mal que poderá nos infectar e nos preparar para uma batalha. Ela estimula a produção das células que atuarão na defesa. Ela não impede uma infecção e muito menos uma transmissão. 

Somos há anos vacinados para gripe, e mesmo assim apresentamos sintomas gripais no inverno. Qualquer vírus poderá nos infectar, independentemente de estar vacinado ou não. A diferença estará em quem foi vacinado, o organismo reconhecerá mais rapidamente o vírus e começara a atacá-lo mais rapidamente, podendo evitar seu agravamento. Ademais, colaboram para que o vírus evolua e, eventualmente, novas variantes se tornem mais ameaçadoras que as variantes anteriores.

A transmissão de qualquer tipo de vírus ocorre por meio de contato, gotículas ou aerossóis (sprays). Como vemos, a vacina age dentro do nosso corpo impedindo que o vírus aumente sua quantidade, enquanto que para impedir a transmissão por contato são necessários os meios de higienização com água e sabão e/ou álcool, e a transmissão por gotículas ou aerossóis por meio do uso de máscaras. 

7. Qual a dosagem recomendada?

A dosagem da vacina apresenta uma variância entre os laboratórios. No caso dos adultos, a vacina do laboratório Pfizer a dosagem é 0,3 ml, já a dosagem da vacina dos demais laboratórios são 0,5 ml. Já no caso da vacinação das crianças, são 02 (dois) os imunizantes liberados para a aplicação infantil até o momento que são do laboratório Pfizer e Coronavac. No caso do laboratório Pfizer a dosagem é 0,2 ml, enquanto que a Coronavac é 0,5 ml.

8. A quem não é recomendada a vacina? 

Todas as vacinas, não somente as para covid-19, atualmente disponíveis são contraindicadas para pessoas com histórico de reação alérgica grave (por exemplo, anafilaxia) após dose anterior ou a qualquer componente da fórmula. As reações alérgicas graves começam, frequentemente, com uma sensação de desconforto, seguidas por sensações de formigamento e tontura. Em seguida, surgem rapidamente sintomas graves que incluem coceira e urticária generalizada, inchaço, sibilos, dificuldade respiratória, desmaio e/ou outros sintomas alérgicos.

9. Como está a cobertura vacinal das crianças em Xanxerê?

No momento, foram vacinadas 638 crianças de um total esperado de 4.712 crianças. Isso corresponde a aproximadamente 14% do esperado.

10. A que vocês da saúde atribuem essa baixa procura?

Acreditamos em dois fatores, o principal são as notícias falsas que estão sendo amplamente divulgadas por um grupo de pessoas ignorantes no assunto, com sua campanha de panfletagem. 

Em segundo lugar, como consequência da primeira, os pais e/ou responsáveis, na angústia de tantas informações inverídicas, politizadas e extremistas, ficam angustiados e receosos em vacinar seus filhos. Muitos têm nos relatados que irão aguardar o tempo para verificar se as crianças que já foram vacinadas desenvolvem alguma complicação ou reação adversa.

Ignorar o estudo realizado por uma agência com anos de história, que durante toda a sua história avalizaram outras vacinas que todos os pais levam seus filhos para vacinar sem duvidar de sua segurança, associando a agilidade no desenvolvimento da vacina a um experimento mundial de uma conspiração para dominar o mundo é absurdo.

Hoje qualquer pessoa com acesso às mídias sociais torna-se jornalista, faltando somente o diploma. É engraçado como uma entrevista nos meios de comunicação, com uma pessoa sem formação cientifica na área de saúde, política ou até mesmo religiosa, consegue deturbar uma campanha de vacinação importante para voltarmos a ter a liberdade.

Essa mesma pessoa, manipula dados de um estudo sério, utilizando seu conhecimento de comerciante de varejo, para analisar e tirar conclusões de maneira equivocada, não permitindo que pessoas com qualificação técnica as orientem, e pior, distribuindo panfletos pela cidade incitando pais a não vacinarem seus filhos.

11. Qual a Fake News que mais causa angústia nos pais em relação às vacinas? 

Sem dúvidas, a principal notícia falsa é a utilização das crianças na vacinação como meio de experimento cientifico, como uma autointitulada “cientista, pesquisadora, politica e teóloga” tem disseminado em suas entrevistas nos meios de comunicação.

12. Quais são os sintomas mais comuns da covid-19 nas crianças?

Os sintomas principais são os mesmos: febre, tosse e dificuldade para respirar. Porém, as crianças podem não os apresentar. Ao invés disso, podem ficar com o nariz entupido e/ou escorrendo, ter dor de garganta e, até mesmo, ter sintomas gastrointestinais – como dor de barriga, diarreia e vômitos.

13. Deve-se vacinar as crianças quando elas estiverem com sintomas de gripe? Qual a recomendação nesses casos? 

Nestes casos, recomenda-se que as crianças que apresentes sintomas gripais (febre, coriza, tosse, etc.) ou sintomas mais acentuados testem para covid-19, e caso o exame tenha resultado negativo e esteja a pelo menos 24 horas sem febre, poderá ser vacinado normalmente.

14. Quantas crianças morreram em SC em decorrência da covid-19 desde o início da pandemia?

Segundo informações obtidas através do site do governo do Estado, considerando as faixas etárias de 0 anos a 19 anos, foram um total de 83 óbitos em um universo de 20.629 óbitos. Porém, cabe frisar que, conforme a pandemia avançou no decorrer dos anos de 2020 e 2021, as novas variantes possibilitaram a contaminação de diferentes faixas etárias, sendo que neste momento, esta faixa etária dos 0 anos aos 19 anos temos visto ser a mais acometida com o agravamento dos casos.


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