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Redação TSX
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As piores situações evidenciam a grandeza e a pequenez do ser humano

12/04/2023 às 10:23
Foto: Secom/ilustração


*Por Francieli Corrêa, jornalista

Há uma semana Santa Catarina era novamente impactada por um dos crimes mais repugnantes que já se viu - o assassinato de crianças. Inocentes que foram surpreendidos pela violência de um ser cuja maldade é inexplicável e que não tiveram a menor chance de se defender. Tirar a vida de alguém já é um ato de elevada reprovabilidade, quando a vítima é criança a impressão que se tem é que toda a sociedade é vitimada, porque na verdade é.

A violência exposta pelo autor dos atos de covardia que vitimaram os pequenos, nos chama a refletir em que sociedade estamos vivendo e o que restará para nossos filhos e netos.

Esse é o tipo de comportamento humano que embrulha o estômago e torna o ar irrespirável pelos dias que o sucedem. Quem não se sentiu desorientado diante desse bárbaro acontecimento que deixou cinzentos os dias que vieram depois, nos trazendo um sentimento de luto, impotência, vulnerabilidade e de total insegurança?

Dentre muitas coisas que vimos na repercussão do caso, algumas chamaram muito atenção. Primeiro cabe destacar a espiritualidade e a grandeza de um pai que afirmou perdoar o assassino, em entrevista a um canal de TV em frente à creche onde seu filho havia sido brutalmente assassinado momentos antes. Tem que ser muito forte espiritualmente para reagir assim, quando tudo que realmente importa foi tirado de você.

O massacre ocorrido em Blumenau, a menos de dois anos do ataque à creche da nossa quase vizinha Saudades, mais uma vez denuncia o ápice da violência a qual o ambiente escolar está vulnerável. Também é o grito de que o sinal de alerta já foi soado há muito tempo. 

Pois bem, medidas precisam ser urgentemente tomadas. A atenção com a segurança precisa ser redobrada e demais ações precisam ser colocadas em prática em tempo recorde. As leis que tratam desse tipo de crime, inclusive o de ameaça de ataque, precisam ser revistas. As plataformas online também devem ser mais responsáveis pelo espaço que oferecem. 

A rotina tem que ser mudada nas escolas para garantir mais segurança. Porém, o trato com a educação familiar precisa ser revisitado, o jargão: “A educação vem de casa” tem suas razões de existir e, portanto, não podemos deixar cair no esquecimento. Igualmente, dentro de casa, a fuga da responsabilidade com o “Não posso com a vida do meu filho” vem mostrando-se danosa para a vida em sociedade.

Enfim, muitas coisas precisam ser feitas e boas ideias e ações são bem-vindas, mais do que nunca. E temos visto algumas ações sendo destacadas por governos municipais, estaduais e federal. Temos visto a comunidade se unindo em oração, independente da religião, e cobrando segurança e justiça. Temos visto coisas positivas - se é que positividade pode ser usada como termo em uma situação como a que vivemos. 

Mas, também temos visto tanta coisa desnecessária. Como a pequenez do ser humano se evidencia em momentos como esse! Aproveitar-se de situações de dor e desespero para qualquer coisa é repugnante. Seja para obter vantagens de qualquer natureza, seja para querer justificar discursos inconvenientes. 

Usar da tristeza, do choque e da indignação social como palanque ideológico é, por si só, desprezível. Sejamos mais humanos, mais unidos, mais lúcidos e menos oportunistas.

A sociedade precisa de mais representantes com capacidade intelectual (básica pelo menos) para elaborar ideias e ter ações úteis. De pessoas que possam sentar-se com pessoas que pensam diferente, principalmente em momentos críticos como este, e remar para o mesmo lado.

Não precisamos de agitadores que se aproveitam de tragédias para alimentar ideias vagas. 

Devemos estar atentos se nossos representantes políticos têm feito algo útil pela sociedade, se têm trazido resultados para o município, estado e país. Ou se só são falastrões que apenas representam ideias com as quais comungamos, mas que não se concretizam em algo efetivo e bom para todos.

Enfim, uma das certezas que tiramos desta atual situação, e de outras semelhantes, é que quem não tem capacidade de elaborar algo útil ou um pensamento inteligente, ajuda bastante ficando em silêncio. 

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