Prematuros da UTI Neonatal do HRSP ganham ensaio fotográfico e polvos de crochê
Uma iniciativa dinamarquesa que envolve a colocação de polvos de crochê junto aos bebês prematuros vem sendo adotada em vários hospitais, inclusive no Brasil. Ao que se percebeu, os pequeninos se sentem muito bem no contato com os aconchegantes polvinhos, pela maciez do tecido e os tentáculos que remetem ao cordão umbilical. Sabendo disso, o Hospital Regional São Paulo (HRSP) resolveu presentear os bebês que estavam internados na UTI Neonatal, com os bichinhos de crochê, durante a sessão de fotos realizada na quinta-feira (11) - outra ação da entidade na passagem do Novembro Roxo.
Os polvos foram confeccionados pela artesã e estudante de técnica de enfermagem, Aline Ávila, de Xanxerê, especialmente para presentear os bebês durante a sessão de fotos, a qual ela pôde acompanhar. Aline conta que sempre quis fazer uma doação do seu trabalho a alguma entidade, até que surgiu a oportunidade de participar da ação que o hospital realiza em alusão ao Mês da Prematuridade.
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“Está sendo uma experiência maravilhosa, porque estou podendo ver as mamães com aquele brilho no olhar por terem recebido um presente. Elas estão aqui numa situação complicada, esperando para sair com seus bebês, e, poder ver elas recebendo esse carinho e ver a equipe de enfermagem dando essa atenção e apoio a quem está aqui é muito especial e gratificante para mim. Essa é uma experiência que eu vou levar e poder contar para as minhas colegas de curso, é muito legal.”, comenta Aline.
Ela confeccionou dez polvinhos, na cor lilás, que foram devidamente higienizados antes do contato com os bebês e, após a sessão de fotos, foram embalados para serem entregues, junto com um porta retrato, às mamães no dia 17 deste mês, quando é lembrado o Dia Mundial da Prematuridade.
A psicóloga do HRSP, Carolina Kist, explica que a experiência com os polvinhos ajuda no desenvolvimento do bebê. Ainda segundo ela, neste momento eles não vão poder permanecer nas incubadoras, por risco de contaminação, mas a ação em si ajuda também às mães, “Tira elas dessa rotina de doença, preocupação e incertezas. Porque as mães de crianças prematuras acabam desenvolvendo muito medo, ansiedade e insegurança, por ser algo que elas não têm conhecimento de como funciona.”, comenta.
No dia da ação, havia duas duplinhas de irmãs internadas na UTI Neonatal do HRSP, uma delas era a das gêmeas xanxerenses Lívia e Manuela, que nasceram no dia 23 de outubro, de 29 semanas de idade gestacional. Essa é a segunda gestação de Daniela Pavelski, de 29 anos, e assim como agora, a filha mais velha - que completa seis anos em dezembro - também nasceu prematura, de 36 semanas, e precisou ficar na UTI. “Por enquanto está dando tudo certo, elas estão evoluindo bem e eu espero até o Natal estar com elas em casa. A Antônia recebeu alta no dia 24 de dezembro de 2015, foi meu presentão de Natal, que é o que espero este ano com as gêmeas também.”, comenta Daniela.
O Roberto de Menezes de Oliveira também participou da sessão de fotos e ganhou um polvinho. Para a mãe, Cristiane Fátima de Menezes, de 32 anos, o apoio da equipe e ações como essa ajudam muito quem está ali dividida entre a alegria da chegada do bebê e a preocupação com a evolução do seu quadro clínico. “É uma ação muito bonita da equipe, da voluntária, é algo que ajuda a gente nessa rotina, ocupa a cabeça com outras coisas.”, comenta.
Cristiane mora na Linha São Lourenço, interior de Xanxerê, e tem mais dois filhos, de sete e oito anos, ambos também nasceram antes dos nove meses, mas não precisaram passar pela UTI Neonatal. Desde que Roberto nasceu, no dia 06 de outubro (de 32 semanas e três dias de idade gestacional), ela, assim como outras mães, divide o tempo entre o bebê, no hospital, e os filhos que aguardam em casa.
Novembro Roxo - Mês da Prematuridade
A prematuridade é a principal causa de mortalidade de crianças menores de cinco anos de idade no mundo. Dados da ONG Prematuridade.com, revelam que o Brasil é o 10º país no ranking global de partos prematuros (12% do total de nascimentos), os quais ocasionam dez vezes mais óbitos de crianças do que o câncer. No hospital de Xanxerê, no primeiro semestre de 2021, nasceram 117 bebês - no local, a taxa de prematuridade é de 10%.
O parto é considerado prematuro quando acontece antes de 37 semanas de gestação. A gerente de enfermagem e atendimento e enfermeira neonatologista do HRSP, Michele S. F. da Silva, explica que são várias as causas que podem levar à prematuridade, mas o principal passo é a prevenção, por isso, realizar o pré-natal é fundamental para uma gestação saudável.
“A primeira coisa que uma gestante tem que fazer para cuidar de si e do bebê é o pré-natal, isso é fundamental. Assim que souber que está gestante, procurar sua unidade de saúde e fazer esse acompanhamento. O pré-natal é um programa que cuida da gestante e automaticamente do bebê, através dele serão feitos exames, é possível identificar problemas, apontar cuidados especiais que ela vai precisar e indicar vários caminhos para ela cuidar dessa gestação e ter um parto no tempo certo.”, explica a enfermeira.
Ainda segundo ela, cuidados com alimentação, evitar álcool e cigarro e a prática de exercício físico são essenciais para ter uma gestação saudável. Nos casos patológicos, quando existe mais risco de um parto prematuro, a gestante deve ser acompanhada num serviço especializado para gestação de alto risco. Em relação às sequelas de uma prematuridade, a enfermeira explica que depende muito do quadro da criança, alguns podem ter sequelas graves ou nenhuma. “Quanto mais saudável for a gestação, mesmo que ele nasça prematuro, mais forte ele vai ser para se recuperar e sair dessa condição de prematuridade sem sequelas.”, pontua.
A campanha mundial do Novembro Roxo existe para alertar sobre as causas e consequências do parto prematuro e conscientizar da importância dos cuidados que a mãe deve tomar durante a gravidez.
Contato entre a mãe e o bebê
O tema da campanha Novembro Roxo deste ano é “Separação zero: aja agora! Mantenha pais e bebês prematuros juntos!”. O HRSP é um dos locais que permite que as mães fiquem 24 horas por dia dentro da UTI Neonatal, acompanhando o tratamento e desenvolvimento de seus bebês. Para isso, é mantido um alojamento e alimentação gratuitos, para que elas possam ficar ali enquanto precisarem.
Além de manter o vínculo entre mãe e bebê, a proximidade também garante o aleitamento materno e seus benefícios. “O toque, a voz e o calor da mãe são extremamente importantes. Aqui temos o Projeto Canguru que é o contato pele a pele, extremamente importante, tanto para diminuir o stress da mãe quanto para o bebê se sentir mais acolhido, o que ajuda a desenvolver vários fatores de saúde da criança”, explica a psicóloga Carolina Kist.
Em relação à campanha deste mês, a assistente social, Maquieli Casaril, destaca que a ação realizada no HRSP também é pensada como uma forma de celebrar a vida, além de ajudar as mães que estão com seus bebês prematuros. “O hospital tem um grupo de humanização que sempre pensa em ações voltadas para essas datas e este é um momento de refletir e criar estratégias para enfrentar essas dificuldades. A gente sabe que as mães permanecem aqui por um longo tempo, então a gente tem que se aproximar, criar vínculos e ajudá-las a vencer.”, afirma a assistente social.
Neonatal do HRSP
A UTI Neonatal do HRSP foi inaugurada em 2008, desde então centenas de bebês passaram por ali. Atualmente, ela dispõe de dez leitos e recebe prematuros de todo o Estado. O local possui os principais recursos - humanos e materiais - necessários para dar suporte às funções vitais do bebê prematuro. A enfermeira da UTI Neonatal, Thayline Cardoso, conta que, por vezes, o espaço chega a comportar até mais do que dez crianças.
“De modo geral estamos sempre com a lotação máxima, em alguns momentos temos uma superlotação, já chegamos a ter 12,13 bebês, mas o nosso normal é ter dez. Quando passa desse número, tentamos organizar da melhor forma. Abrimos brechas, sempre considerando as questões mínimas que precisamos cumprir para não interferir na assistência, mas a gente sempre acaba dando um jeito, até porque sabemos que as vagas na UTI Neonatal são bem restritas no estado. Então, para que possamos garantir assistência, acabamos nos adaptando, mas essas são situações esporádicas”, relata.
A equipe envolvida nesse trabalho conta com médicos pediatras, enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos, assistente social, escriturária e responsáveis pela higienização do local.
“Aqui é um setor bem mais fechado, com rotinas que precisamos seguir, justamente pela complexidade do setor e do perfil dos pacientes. Começamos com a pesagem dos bebês e depois damos sequência, com trocas de fralda, administração de dietas, acompanhamos as mães na ordenha e vamos fazendo as demais coisas que fazem parte dessa rotina. Aqui também fazemos no leito do paciente o raio-X, exames de ultrassom, ecocardiograma, exame de sangue. São sempre os profissionais que vêm até o bebê para fazer o procedimento.” conta a enfermeira.
O tempo que um bebê permanece na UTI Neonatal pode variar de dias a meses, a depender das necessidades e características de cada um. Elas só deixam a UTI quando conseguem respirar sem a ajuda de aparelhos, atingem o peso ideal e conseguem sugar adequadamente o seio materno, ou seja, quando estão prontos para continuar o tratamento em casa.
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