Xanxerenses pelo mundo


Xanxerense mostra rotina de um caminhoneiro pelas estradas dos Estados Unidos

Alex Rebelatto publica vídeos e fotos no Instagram e criou um canal no YouTube para mostrar algumas curiosidades das viagens que faz, principalmente para o Alasca. O xanxerense se mudou para os EUA em 2005 e hoje transporta principalmente cargas militares
Por: Francieli Corrêa 21/07/2023 às 11:11 Atualizado: 28/07/2023 às 22:27

Há cerca de 18 anos, Alex Rebelatto deixou Xanxerê para aprimorar seus conhecimentos como técnico agrícola estagiando em uma fazenda da Califórnia, nos Estados Unidos. O jovem estudante queria aprender o inglês e conhecer novas tecnologias em terras norte-americanas. A princípio, a intenção era voltar para o Brasil, mas ele acabou gostando de lá. Hoje, é casado - com uma xanxerense, tem dois filhos (de 5 e 9 anos), e trabalha como caminhoneiro transportando cargas especiais, principalmente insumos militares, por todo o país, incluindo o Alasca, e também para o Canadá. 

Atualmente, a família mora no Texas, mas os primeiros 10 anos vivendo nos EUA Alex passou na Califórnia, onde começou a trabalhar com caminhão na fazenda onde fazia estágio. Aos 20 anos ele tirou sua carteira para dirigir esse tipo de veículo e nunca mais parou. 

“O dono [da fazenda] perguntou se eu sabia dirigir e eu disse que sim, que meu pai tinha caminhão no Brasil, e então eu comecei a dirigir na fazenda mesmo, um caminhão de alimentar as vacas. Foi assim que começou. Depois disso eu fui trabalhar em uma britadeira, carregando caminhão também. Fiquei um ano e meio na fazenda e um ano na britadeira. Depois disso só dirigi caminhão, sempre gostei do trabalho”, conta Alex.

Quando respondeu ao Tudo Sobre Xanxerê, Alex estava no Canadá, em viagem. O país fica entre o Alasca (que pertence aos EUA, apesar de não possuir ligação territorial) e o restante do território americano. O estado é um destino constante na rotina do caminhoneiro, de onde ele guarda muitas imagens das paisagens belíssimas, principalmente quando tem neve. O que para ele já é comum, mas que gera muita curiosidade do lado de cá. 

E, para mostrar para quem vive no Brasil e têm curiosidade em saber como é a vida de um caminhoneiro em solo americano, Alex iniciou um canal no YouTube, onde publica vídeos sobre algumas situações do seu dia a dia e curiosidades de lá. A ideia surgiu pela influência de companheiros de profissão em uma conversa de WhatsApp, que o incentivou a gravar o primeiro vídeo.

“Fiz um vídeo de uma viagem ao Alasca que acabou sendo bastante divulgado. Eu honestamente não sabia que o povo tinha tanta curiosidade para ver esse tipo de coisa, já que para mim é normal trabalhar com neve. E eu estou gostando de mostrar minha rotina. Muita gente entrou em contato, recebo bastantes mensagens e comentários nos vídeos. O povo tem curiosidade e é isso que eu quero mostrar, como realmente é o trabalho aqui, como é trabalhar com caminhão nos Estados Unidos. Essa é a minha intenção”, conta Alex. 

O canal no YouTube é recente, criado há poucos meses, mas já soma milhares de visualizações nos vídeos publicados pelo caminhoneiro. Alex revela que não tinha muita intimidade com as redes sociais e está aprendendo aos poucos a produzir e divulgar o conteúdo. Mas, dado o número de visualizações e interações, certamente ele está sendo muito bem aceito pelo público. 

A profissão e seus desafios e vantagens 

Sobre os desafios da profissão e peculiaridades de exercê-la nos EUA, Alex comenta que algumas coisas são diferentes do Brasil, como a neve na pista, o frio extremo em algumas localidades e as leis, por exemplo. Mas esses são detalhes aos quais ele já se adaptou, até porque sempre trabalhou no país e diz que prefere atuar nas regiões mais geladas. Entre os pontos positivos de lá, segundo ele, a segurança nas estradas - sem perigo de assalto e com risco menor de acidentes - é um dos principais. 

Mas, independente do país, a maior dificuldade é ficar longe de casa e da família, segundo Alex. “Já cheguei a ficar 35 dias fora de casa e a voltar para casa a cada semana. Como sou autônomo, agregado a uma empresa e carrego bastante carga militar, meio que não escolho o destino, eu vou para onde estiver pagando melhor. Então, às vezes dá para voltar para casa em duas semanas ou em uma, e às vezes acabo ficando fora por 30 dias. Por exemplo, essas cargas do Alasca, normalmente são em torno de 25 a 30 dias fora, por causa da distância”, conta.

Sobre o retorno financeiro, Alex diz que está satisfeito e que é possível ter e oferecer à família uma vida confortável com o que ganha com a profissão.

“O trabalho proporciona uma condição financeira boa. Só que tem que gostar, porque é um trabalho difícil, como em qualquer lugar do mundo. Tem muita gente que vem, trabalha e não gosta. Tem que se dedicar e gostar, senão acaba que não é feliz com o que faz. Eu sempre gostei disso e com certeza proporciona um retorno econômico bom. Não sei como está no Brasil agora, mas dá para ter uma qualidade de vida boa trabalhando aqui como caminhoneiro, com certeza”, revela Alex.

Ele não tem outros parentes nos Estados Unidos, além da mulher e dos filhos, e nem todos os anos eles viajam ao Brasil, mas as famílias dele e da esposa também vão para lá  para visitá-los, conforme conta. A maior parte dos seus familiares ainda vivem no Oeste Catarinense. 

* Matéria ESPECIAL, cuja reprodução por outros veículos de comunicação é PROIBIDA.

Anterior Próximo

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Coletamos dados para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com nossa política de privacidade.