Voto contrário de vereadores à moção que pede proibição de corridas de cães gera indignação
A votação de uma Moção de Apelo, apresentada pelo vereador Alcedir Rama (MDB), tem gerado repercussão e muitas críticas, principalmente entre os protetores de animais. A proposta foi votada durante a sessão da última quarta-feira (15) na Câmara de Xanxerê. A proposição pedia para que fossem tomadas providências no sentido de proibir terminantemente o uso de cães da raça galgo em corridas, com a justificativa da preservação da integridade física desses animais.
Se aprovada, a moção deveria ser encaminhada para o governador Carlos Moisés (sem partido), ao presidente da Assembleia Legislativa de SC (Alesc), Mauro de Nadal (MDB), e extensiva a todos os deputados estaduais. Mas, a moção foi rejeitada com cinco votos contra, dos vereadores Altair Rossato (Podemos), Evandro Berto (PP), Evandro Saibo e Cabo Oliveira, do MDB, e com o voto de desempate do presidente Serginho Nunes (PSL).
Nas redes sociais muitas pessoas demonstraram sua indignação pela rejeição da proposta de Rama. O advogado e assessor jurídico do Grupo Bem-Estar Animal, de Xanxerê, José Bortoncello, foi uma das pessoas a se pronunciar. O advogado disse que recebeu com estranheza a notícia de que a moção havia sido rejeitada, pelo fato de se tratar de maus-tratos aos animais, algo já explicitado na mídia nacional.
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“Eu acreditava que todos os vereadores votariam à favor da moção. Isso me surpreendeu e me surpreendeu, inclusive, a palavra dos vereadores que votaram contra, falando que isso poderia futuramente proibir rodeios, enfim, o que não tem nada a ver com a corrida de galgos. Me pareceu que estavam desinformados, não sabiam o que estavam votando e não se embasaram na questão técnica.”
Nas redes sociais, Bortoncello declarou, entre outras coisas, que a decisão dos vereadores que votaram contra foi “patética, desprovida de qualquer sensibilidade, informação e análise sobre o impacto que esse tipo de corrida causa aos animais.”. O texto foi compartilhado também no perfil oficial do grupo de proteção animal.
Dos vereadores que votaram contra a moção, o único que explicou, no momento, suas motivações foi o vereador Altair Rossato, o Dentinho. Durante a discussão sobre a moção, ele declarou que é um esporte e que não vê problema na sua prática, “Nós temos aí muitas atividades que são feitas com animais. Daqui a pouco nós vamos cair em proibir os cavalos e os bois nos rodeios… Se não fere o animal, não apresenta risco para ele, não vejo o porquê. Às vezes é uma atração, tem o criadouro, é um esporte. Daqui a pouco vamos estar fazendo moção para proibir o uso de cavalo em rodeio”, justificou o vereador.
O vereador Rama tentou argumentar logo após a fala do colega, explicando que esses animais sofrem maus-tratos, “Essa raça, eles começam desde pequenos a ensinar. Se o filhote não conseguir correr atrás de um bichinho que eles soltam, eles matam. Ou o cachorro é corredor, ou ele morre. Em vários países já é proibido e, no Brasil, no Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul também. Na Alesc, na primeira votação, entenderam que não devia proibir, hoje os próprios deputados já pediram para várias câmaras de vereadores para fazer essa moção, que eles entendem que o voto deles foi errado no momento.” argumentou Rama.
O parlamentar destacou que respeita a decisão dos colegas, mas acredita que eles votaram sem entender muito do assunto e pretende apresentar novamente a moção assim que possível. Mas, destacou também que os vereadores recebem a pauta do que será votado na sessão com um dia de antecedência. Rama explicou que o assunto chegou até ele através de um vereador de Curitibanos e após saber mais sobre as corridas e sobre a votação na Alesc, decidiu apresentar a moção. Ainda segundo ele, outras câmaras já aprovaram moções parecidas.
Votação na Alesc
No mês passado, a Assembleia Legislativa de Santa Catarina rejeitou, por 17 votos a três - além de três abstenções, e arquivou o projeto de lei 70/2021, de autoria do deputado Marcius Machado (PL), que proibia a realização de corrida de cães no estado.
No entanto, após a repercussão que o caso teve, o deputado conseguiu as assinaturas para reapresentar o projeto. O texto já foi protocolado na Diretoria Administrativa e poderá ser votado ainda neste ano. Ele conseguiu 27 assinaturas, quando precisava de 21 - a maioria absoluta dos membros, para que o projeto pudesse ser objeto de apreciação na mesma Legislatura, de acordo com o regimento interno da Alesc.
A proposta quer proibir as corridas de cães de todas as raças, em SC, principalmente dos galgos que costumam ser treinados para essas competições, sendo vítimas de maus-tratos, inclusive sujeitos ao uso de anabolizantes para melhorar seu desempenho. O projeto de lei não proíbe o uso de cães em casos de treinamento pelas polícias e Corpo de Bombeiros.
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