Comunidade


Como os traumas psicológicos se formam e como lidar com eles

Psicóloga xanxerense dá orientações acerca do tema
Por: Sanny Borges 05/07/2022 às 16:01 Atualizado: 12/07/2022 às 18:09

Todos os dias pessoas sofrem de traumas repentinos e inesperados, seja um ferimento no corpo ou na mente causado por violência ou um acidente. Estima-se que 90% da população mundial já sofreu com algum um evento potencialmente traumático ao longo da vida e, durante a pandemia, esse índice aumentou significativamente.

Em conversa com a psicóloga xanxerense Renata Adona da Silva, que atua na Clínica Iluminar Psicologia, os traumas psicológicos são eventos emocionais que deixam uma marca nas pessoas e, de acordo com certos gatilhos, veem a tona trazendo lembranças, sensações ruins e sintomas físicos como ansiedade, estresse, crises de pânico, insônia, dores de estomago, entre muitos outros.

"Hoje em dia, tudo pode se transformar em trauma. Podemos citar os traumas de infância, onde a própria família pode nos deixar traumatizados, como um abuso cometido por algum familiar. Quando a pessoa cresce, ela traz consigo essa violência e surgem dificuldades de manter um relacionamento, seja ele amoroso ou não. Outro exemplo que podemos citar é em relação a acidentes. Uma pessoa pode passar a ter medo de carro, moto, tudo em decorrência do trauma que ela sofreu ao passar vivenciar o acidente", cita.

Renata destaca também que durante a pandemia muitos pacientes apresentavam quadros de traumas relacionados ao medo de se infectarem com a doença. "Já tive casos onde as pessoas não saiam de casa e ficavam com o questionamento 'E se eu encostar em algum lugar contaminado?', 'E se eu estiver com o vírus e matar alguém?'. Surgiu muitos casos traumáticos por conta da covid e ainda vemos reflexos hoje em dia", explica.

Cada pessoa tem sua própria forma de reagir a situações de risco de vida ou experiências inesperadas. Um determinado indivíduo que passa por uma situação traumática pode sentir medo e ficar impressionado, enquanto outra pessoa que passa pela mesma experiência pode sentir-se chocado e agradecido por estar vivo. Portanto, as reações podem variar muito de pessoa para pessoa. 

Trauma e fobia: qual a diferença?

Muitas pessoas entendem como a mesma coisa. De acordo com Renata, o trauma é referente a um evento traumático que a pessoa passou e vivenciou. Já a fobia é um medo e uma aversão à alguma coisa, não necessariamente que ela passou.

"Muitas pessoas tem medo de cobra. Porém nem sempre elas foram picadas por uma cobra e mesmo assim possuem um medo extremo dessa situação. Da mesma forma que o trauma, a fobia também gera sintomas, como ansiedade, suor excessivo, taquicardia. As pessoas confundem trauma com fobia justamente pelos sintomas que ela gera".

Ansiedade: um dos principais sintomas do trauma psicológico

Renata explica que a ansiedade é um dos sintomas mais visíveis em pessoas que passaram por experiências traumáticas. Diante disso, a psicologia trabalha com foco na respiração. "Não existe uma maneira exata de segurar a ansiedade. Quando ela vem, ela vem. Não conseguimos prever quando vamos estar ansiosos. Por isso, o foco está em exercícios de respiração. Puxar e soltar o ar com calma e não focar no problema, pensar em coisas boas, ficar em lugares confortáveis e seguros. A respiração é o pontapé inicial para acalmar os sintomas".

Além da respiração, existem outras formas para ajudar no melhoramento dos pacientes, como o auxílio de amigos e familiares. Mas, para isso, tanto o paciente quanto as pessoas ao seu redor devem estar dispostos a ajudar a lidar com o trauma.

"Muitas vezes as pessoas sofrem sozinhas e as que estão ao redor podem perceber através das mudanças de comportamento, como isolamento, ficando mais agitado do que de costume, aumento ou diminuição da alimentação. Os familiares e amigos podem, de primeiro momento, conversar e entender o que está acontecendo. Se a pessoa não se abrir, tentar indicar um psicólogo ou uma terapia e continuar oferecendo suporte, pois quando se tem uma rede de suporte estruturada, a pessoa que está passando por algum evento traumático se sente mais segura para ir atrás de ajuda e melhorar mais rapidamente", finaliza.

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