Política


Pais de alunos da EEBM Aparecida usam tribuna para falar sobre segurança na escola

Por: Sanny Borges 08/06/2022 às 09:56 Atualizado: 15/06/2022 às 15:33

A sessão da Câmara de Vereadores de Xanxerê de segunda-feira (6) foi marcada pelo debate em cima da segurança nas escolas municipais. Na última semana ocorreu um episódio na Escola de Educação Básica Municipal Nossa Senhora Aparecida em que um adolescente de 16 anos, estudante da 8ª série do ensino fundamental, localizada no bairro Aparecida, teria entrado na unidade com uma arma. Em depoimento, colegas disseram que o menino enviou um áudio para a turma, uma semana antes, avisando que levaria a arma para a escola. Na última sexta-feira (3), o adolescente levou a pistola e mostrou para alguns colegas.

Preocupados com a situação, cerca de 80 pais de alunos, reuniram-se e estão pedindo providências para melhorar a segurança no educandário. Representantes do grupo usaram a tribuna da câmara para expor a situação e pedir apoio dos vereadores para buscar, junto ao executivo, mais segurança nas escolas.

Marilei Diehl, da Associação de Pais e Alunos da Escola de Educação Básica Aparecida, destacou o medo que os pais estão tendo em mandar seus filhos para a escola. “Diversos pais estão com receio de enviar seus filhos para a escola porque não se sentem seguros. Tudo o que aconteceu na semana passada ocorreu de forma negligente, pois, ao constatar a presença da arma no local, a direção da escola nada fez a respeito. Não chamaram a polícia e não avisaram aos pais sobre o perigo que os alunos estavam correndo”, disse a representante.

De acordo ainda com Marilei, os alunos teriam sido coagidos pela diretora a não falar para os pais o que teria ocorrido e estes só tomaram conhecimento pela mídia. “A exemplo de Saudades, os pais estão apavorados. Sem respostas, eles temem pela segurança dos alunos e a maioria tem optado por não mandar seus filhos para a escola e isso pode causar prejuízo no aprendizado destas crianças. Viemos aqui para pedir o apoio dos vereadores, pois é um direito nosso de exigir segurança nas escolas para que fatos como estes não venham a se repetir”, destacou Marilei.

Outra representante do grupo, Tânia Rother, também usou a tribuna para falar sobre o ocorrido e questionou sobre os procedimentos adotados pela direção. “Várias questões precisam ser respondidas, como por exemplo saber como a diretora pode diferenciar se era uma arma de verdade ou se era réplica a olho nu? Porque apenas chamou o pai e mandou o aluno para casa sem ter tomado as devidas providências? Porque foi omitido os fatos aos pais dos alunos? Como um adolescente consegue comprar uma arma deste porte sendo que ela só pode ser vendida para adultos? Nós, do grupo de pais, pedimos a oportunidade de acompanhar qualquer processo e todo o trâmite que venha ser instaurado, porque envolve nossos filhos. Estamos pedindo segurança para que possamos ir trabalhar de forma tranquila”, declarou Tânia.

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Vereadores se posicionam

O primeiro vereador a fazer suas ponderações foi Serginho Nunes. Policial Militar de carreira, o vereador disse que o procedimento adotado pela direção foi errado. “Em uma situação como esta a direção deveria ter chamado de imediato a Polícia Militar e, por ser tratar de um menor, a própria polícia acionaria o Conselho Tutelar, independentemente se a arma era de Airsoft ou de verdade. Uma arma desta, menor não compra, por isso seria necessário explicar como é que este menor conseguiu o item, pois, apesar de não ser letal, ela pode causar danos. Nenhum destes dois órgãos foi acionado e a Polícia Civil só ficou sabem depois que os pais procuraram para fazer a denúncia”, disse o vereador.

Serginho destacou, ainda, que desde o ano passado os vereadores tem solicitado por mais segurança nas escolas, tanto que aprovaram duas minutas de projetos de lei, dos vereadores Dentinho e Alessandro Antoniolli, para melhorar a segurança, mas nenhum foi colocado em prática.

“O legislativo tem feito sua parte. Em Saudades, o município reforçou todas as escolas, com câmeras, seguranças e portões eletrônicos. Outros municípios também se organizaram, enquanto aqui, em Xanxerê, até agora nada foi feito”, disse.

O vereador Dentinho falou da minuta do seu projeto e disse que faltou preparo da direção para uma ocorrência desta natureza. “Se a diretora não tinha conhecimento técnico para saber se a arma era de verdade ou de brinquedo, ela tomou um procedimento muito errado. O que ela fez poderia ter causado uma situação muito perigosa, pois, ao pressionar este adolescente, caso a arma fosse de verdade, ele poderia sair atirando para todos os lados. A minuta do projeto de lei que apresentamos é para que possibilite o município de contratar policiais que estão na reserva para fazer este trabalho de segurança nas escolas”, declarou o vereador.

O vereador Alessandro Antoniolli colocou em questão se a arma era mesmo de brinquedo. “Tem a Portaria 02 do Ministério da Defesa que estabelece algumas características para diferenciar a arma de airsoft para uma arma de verdade. Entre estas características está uma marcação, na extremidade do cano, na cor laranja ou vermelho vivo para que seja identificada como arma de airsoft. Na imagem que nós vimos da arma, ela não apresenta esta identificação. Não estamos julgando ninguém, mas tem alguns elementos que precisavam ser investigados, sem a necessidade de expor o jovem. Todos os vereadores vão cobrar e acredito na sensibilidade do prefeito em atender a demanda e colocar mais segurança nas escolas”, salientou o professor.  

Cabo Oliveira foi no mesmo sentido do vereador Serginho e questionou o procedimento adotado pela direção da escola. “Como disse o nosso colega Serginho, o procedimento foi todo errado. A Policia Militar é uma polícia ostensiva, deveria ter sido chamada de imediato para tomar as medidas cabíveis. Desde o caso que ocorreu em Saudades, os vereadores têm se empenhado para cobrar mais segurança. Além destes dois projetos já citados, nós apresentamos uma indicação, solicitando a instalação de câmeras com reconhecimento facial em todas escolas. O município tem recursos financeiro para isso”, destacou.

Cabo Oliveira também fez um apelo para todas as APPs do município, para que não se acanhem e quando acharem que algo não está de acordo nas escolas, que procurem os vereadores.

O líder do prefeito, vereador Evandro Berto, disse que o Prefeito e a Secretária estão preocupados com esta situação, não que ainda não tomaram as medidas necessárias. "Tenho muita preocupação, pois tenho filhos que estudam e vem sempre essa preocupação com a segurança deles. Então, a vinda destas mães aqui, representando os pais da escola, elas estão sendo pais, mães e avós de todo o Brasil e não só da escola. Quanto a esse adolescente, ele precisa de ajuda e nós temos que ajudar a salvá-lo”, declarou o vereador.

Já o presidente da Câmara de Vereadores, Sidinei Msenerovicz, demonstrou sua preocupação e disse que essa situação é bem mais complicada. “Temos feito diversas visitas nas escolas e temos percebido algumas situações que precisam de uma atenção maior do Poder Público. Recentemente, estivemos no Costa e Silva, onde verificamos um número alarmante de alunos com algum transtorno psicológico. Nós, enquanto legislativo, estamos aqui para abrir este debate e vamos colocar a disposição a tribuna da câmara para que a secretária possa fazer uso dela. Preciso parabenizar a iniciativa destes pais, que tem a preocupação com a segurança de seus filhos e quero dizer que vamos trabalhar com mais afinco, pois isso não se faz da noite para o dia, mas sim com planejamento”, finalizou o presidente Sidão.

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Fotos: Ascom

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