Burnout: a Síndrome do Esgotamento Profissional
A Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, passou a ser considerada uma doença pela Organização Mundial da Saúde, a partir de 1ª de janeiro de 2022. O número de diagnósticos tem crescido, acometendo cerca de um terço da população brasileira. Um problema a ser enfrentado pelos trabalhadores e pelas empresas.
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Descrita como “Uma síndrome resultante de um stress crônico no trabalho que não foi administrado com êxito”, ela pode evoluir para doenças físicas. Os sintomas são variados e devem ser analisados por um profissional para o diagnóstico.
Confira a entrevista com o psicólogo xanxerense Bartolomeu Patrício, para saber mais sobre a Síndrome de Burnout.
O que é a Síndrome de Burnout?
Psicólogo: O termo “burnout” foi inventado na década de 1970, pelo psicólogo norte-americano Herbert Freudenberger. Assim, ele usou isso para descrever as consequências do estresse severo e ideais elevados nas profissões de “ajuda”. Vindo da língua inglesa, a palavra “burnout” pode ter dois significados: “combustão completa” e “exaustão”, no caso da síndrome, ambos os significados são aplicáveis, uma vez que ela é conhecida como a combustão e esgotamento físico, mental e psíquico de um indivíduo no ambiente de trabalho. Podemos afirmar que a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade.
Quais os fatores que levam a esse esgotamento do trabalho a ponto de se tornar uma doença?
Psicólogo: A Síndrome de Burnout é caracterizada de forma muito clara, como causa principal da doença é justamente o excesso de trabalho. Por este motivo, ficar atento ao desempenho profissional e seu rendimento pode ser determinante para que não só a síndrome seja diagnosticada, como também evitada.
Burnout está totalmente ligado a quantidade de trabalho?
Psicólogo: Sim, Muitas vezes, o Burnout também está ligado ao fato das pessoas trabalharem em empregos que exigem bastante delas, isso faz com que se tornem exageradamente perfeccionistas. A cobrança exacerbada de si mesmo, e pelos superiores, acaba impactando de forma negativa na vida pessoal e profissional.
Como a pandemia contribuiu para o aumento de diagnósticos?
Psicólogo: Não é nada novo, os processos ocasionados por conta da pandemia contribuíram para o desencadeamento do aumento de casos de Síndrome de Burnout. A alteração na rotina pessoal e profissional da população foi um fator, que de forma súbita, gerou um aumento expressivo do número de pessoas diagnosticadas com doenças relacionadas à saúde mental. Além disso, as pessoas tiveram que lidar com a demanda do trabalho, da casa e dos filhos, isso adicionado às mudanças já relatadas adicionaram o aumento.
Como é diagnosticada?
Psicólogo: Para diagnosticar a Síndrome de Burnout, o profissional de saúde, que pode ser um terapeuta ou psiquiatra, geralmente identifica os três principais sintomas (exaustão, menor identificação com o trabalho e sensação da redução de capacidade profissional) e procura saber se estão relacionados ao trabalho. Em outras palavras, se você está se sentindo exausto, incapaz e odeia o que faz, alerta vermelho: pode ser preciso procurar ajuda.
Por que as pessoas demoram para perceber que estão doentes?
Psicólogo: Geralmente as demandas do dia a dia, cobranças excessivas, tanto internas como externas, como marcas de uma sociedade líquida, onde se usa as pessoas e ama-se coisas, quando você é visto pelo que possui e não pelo que é, tendem a gerar uma insensibilidade grotesca, impossibilitando o ser humano de perceber sinais que acusam adoecimentos.
Quais os principais sintomas? Eles podem variar?
Psicólogo: A lista não é pequena, por isso um especialista se faz necessário para que o diagnóstico seja preciso. O Ministério da Saúde nos ajuda, lista os principais sintomas da Síndrome de Burnout: cansaço excessivo, físico e mental; dor de cabeça frequente; alterações no apetite; insônia; dificuldades de concentração; sentimentos de fracasso e insegurança; negatividade constante; Sentimentos de derrota e desesperança; Sentimentos de incompetência; alterações repentinas de humor; isolamento; fadiga; pressão alta; dores musculares; problemas gastrointestinais; alteração nos batimentos cardíacos. Sua variação está ligada ao estresse que provoca a síndrome pode estar diretamente ou relacionado ao seu trabalho, mas outros traços de personalidade ou estilo de vida podem contribuir.
O Burnout é um problema só da pessoa ou afeta também o local de trabalho?
Psicólogo: Geralmente o ambiente também é afetado. Isto porque o trabalho quando feito em equipe necessita do bem-estar de todos. Por este motivo, tratar o quanto antes a pessoa que se vê completamente adoecida, pode ajudar na manutenção das atividades profissionais no ambiente de trabalho.
O que difere Burnout, estresse e depressão?
Psicólogo: É preciso que com um comportamento de baixo rendimento, queixas constantes como um dos sinais do possível adoecimento, se possa diferenciar o que de fato é Burnout, essa clareza vai ajudar no tratamento. Enquanto a Síndrome de Burnout é consequência de estresse crônico e obrigatoriamente tem origem no ambiente de trabalho. A depressão é uma doença psiquiátrica crônica, afetando qualquer pessoa; enquanto que o stress tem como características reações fisiológicas do corpo a circunstâncias que exigem ajustes no comportamento.
Há públicos mais afetados que outros?
Psicólogo: É muito comum que as pessoas viciadas em trabalho sofram desse distúrbio. Porém, alguns profissionais são mais predispostos a experimentarem a questão, justamente pelas características do trabalho, a lista é bem vasta. Profissionais da saúde em geral, principalmente médicos e enfermeiros; jornalistas; advogados; professores, psicólogos, policiais, bombeiros, oficiais de Justiça, entre outros, estão mais propensos a serem afetados.
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