Janeiro Branco: psicólogas do HRSP falam sobre importância de cuidar da saúde mental
Foto: HRSP
O mês de janeiro é escolhido para uma importante campanha de conscientização, o Janeiro Branco, que tem o objetivo de levar às pessoas informações sobre como lidar com problemas e doenças relacionadas com saúde mental e emocional, incentivar elas a buscar o que as faz felizes e ensinar maneiras de melhorar sua saúde mental.
A campanha foi criada por psicólogos de Uberlândia/MG, em 2014, e desde então vem se consolidando como a maior campanha do mundo em prol da construção de uma cultura da Saúde Mental na humanidade. A equipe do TSX conversou com a psicóloga clínica, Carolina Kist, e com a psicóloga organizacional, Sheila Cristina Teixeira, ambas do Hospital Regional São Paulo, sobre o Janeiro Branco. Confira a entrevista:
1. Quais os pontos positivos de se ter um mês com foco na saúde mental? Como se deu a escolha do mês de Janeiro para isso?
Psicólogas: Cabe ressaltar que o foco em saúde mental deve acontecer todo ano, contudo o Janeiro Branco é uma campanha dedicada a convidar as pessoas a pensarem sobre suas vidas, a qualidade dos seus relacionamentos e o quanto elas conhecem sobre si, suas emoções, pensamentos e comportamentos. Sensibilizar as mídias, as instituições sociais, públicas e privadas, e os poderes públicos e privados, em relação à importância de projetos estratégicos, políticas públicas, recursos financeiros, espaços sociais e iniciativas socioculturais empenhadas(os) em valorizar e em atender as demandas individuais e coletivas, direta ou indiretamente, relacionadas aos universos da Saúde Mental e Emocional. Como pontos positivos podemos elencar alguns:
- Colocar os temas da Saúde Mental e da Saúde Emocional em máxima evidência na sociedade.
- Construir, fortalecendo e disseminando uma “cultura de Saúde Mental” na humanidade.
- Contribuir para a valorização da subjetividade humana e o combate ao adoecimento emocional das pessoas.
- Contribuir para o desenvolvimento e a disseminação do conceito de ‘psicoeducação’ entre as pessoas e as instituições sociais.
- Contribuir para o desenvolvimento e a valorização de políticas públicas relativas aos universos da Saúde Mental em todo o mundo.
2. Qual seria a diferença entre o Janeiro Branco e o Setembro Amarelo? Ambos estão relacionados de alguma forma?
Psicólogas: O Setembro Amarelo e o Janeiro Branco são campanhas que abordam o tema saúde mental e promovem orientações de como e onde buscar ajuda especializada. O Setembro Amarelo é conhecido como o mês de conscientização e prevenção do suicídio, o que abre espaço para que as pessoas possam falar sobre suicídio, receber orientações e ajuda profissional. O Janeiro Branco é o mês alusivo à saúde mental convidando as pessoas a pensarem sobre suas vidas, a qualidade dos seus relacionamentos e o quanto elas conhecem sobre si, suas emoções, pensamentos e comportamentos. Fomentando as diversas formas de tratamento, abrangendo a discussão para o lazer, bem-estar e qualidade de vida.
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3. Como surgem os problemas de saúde mental? A pandemia se tornou um dos motivos?
Psicólogas: Passamos por muitas fases marcantes em nossa vida, a infância, adolescência, idade adulta e velhice. Diferentes mudanças no aspecto físico, emocional e social influenciam o comportamento e podem afetar a saúde mental. Todo ser humano tem sua história única e individual, e reage de formas diferentes frente cada situação vivida. Com a pandemia, o ser humano vivenciou muitos momentos de angustias, perdas e incertezas, o que afetou a saúde mental de grande parte da população, resultando em sintomas de ansiedade e depressão. Podemos citar alguns exemplos:
- Desemprego;
- Conflitos familiares;
- Maior exposição ao estresse;
- Falta de qualidade de vida doméstica;
- Envolvimento precoce com drogas e álcool;
- Problemas de relacionamento com pais, professores ou colegas;
- Maior acesso, mais disponibilidade de recursos e uso da tecnologia;
- Vítimas de bullying ou exposição à violência;
- Influência da mídia quanto à posição social, aos padrões estéticos e às diferenças de gênero.
4. Quando se faz necessário a procura por um psicólogo/psiquiatra e como se dá o tratamento?
Psicólogas: Quando percebemos que estamos nos sentindo angustiados, ansiosos, sem vontade de levantar da cama, quando percebemos que nosso psicológico e nossas emoções estão interferindo em nossas escolhas de forma negativa, é o momento para buscar ajuda profissional. A psicoterapia vai ajudar o paciente a perceber e reconhecer essas emoções, se conhecendo, se aceitando e entendendo o porquê de elas estarem presentes, de forma que o mesmo aprenda a lidar com seus sentimentos e sua singularidade.
5. Quais recomendações são necessárias para ajudar as pessoas que possuem algum problema de saúde mental?
Psicólogas: É importante que as pessoas próximas fiquem atentas as mudanças de comportamentos, alterações de humor, de sono, apetite e aos discursos sobre como ela está se sentindo. Caso for percebido sintomas de ansiedade, tristeza, desesperança ou algum outro sinal de sofrimento psíquico, essa pessoa pode oferecer apoio, se colocar à disposição para ajudar e juntos procurar ajuda de um profissional da psicologia.
6. Falar sobre a saúde mental ainda é um tabu?
Psicólogas: Ainda é um tabu, pois está muito associado a doenças mentais, como a popular “loucura”, “besteira” e a pessoas desajustadas. Muitos ainda sentem medo e vergonha de serem consideradas loucos ou desequilibrados. Mas, devemos lembrar que todos nós passamos por adoecimentos na vida, seja físico ou psicológico, “o que você não resolve em sua mente, o corpo transforma em doença”, e por esse motivo é preciso dar atenção e reconhecer que também temos nossas angustias e precisamos de ajuda profissional. Precisamos falar sobre nossa saúde mental, afinal "quem cuida da mente, cuida da vida"!
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