Xanxerê registrou mais de 20 acidentes com lagartas e escorpiões durante os últimos dois anos
Com a chegada de estações com temperaturas mais elevadas, é comum aparecerem animais com potencial risco à saúde humana. Além de cobras e aranhas, acidentes com escorpiões e lagartas, conhecidas popularmente como taturanas, também se tornam recorrentes nesta época do ano.
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde mostram que pelo menos 202.324 notificações de acidentes com escorpiões foram registradas no país durante o ano de 2023. Esta é a primeira vez que o total de notificações passa de 200 mil.
O número de mortes provocadas por picadas de escorpião também aumentou, indo a 134, 42 a mais que no ano anterior. Nesse caso, o Tityus serrulatus (escorpião-amarelo), é o principal vilão.
De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Saúde, cerca de 74% das notificações de acidentes com lagartas entre 2019 e 2023, se concentraram nas regiões Sudeste e Sul. Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram os estados que mais registraram acidentes com taturana, 1.553 no estado catarinense e 988 no estado gaúcho.
Dados em Xanxerê
Conforme Vanessa Nickel, bióloga da Regional de Saúde de Xanxerê, ao longo dos dois últimos anos foram registrados oito acidentes envolvendo escorpiões no município.
“Com a chegada do verão aumentam os casos de acidentes com animais peçonhentos pois as pessoas saem mais para fazer atividades ao ar livre e coincide a época de deslocamento para a reprodução e alimentação de animais peçonhentos. Nos últimos dois anos tivemos oito acidentes com escorpiões e 14 com lagartas, dentre essas, com as lonomias, que é a espécie capaz de causar casos graves (conhecida popularmente como taturana). Na nossa região temos registro da espécie de escorpião de importância médica que é o Tityus costatus. Essa espécie causa casos leves a moderados”, explica.
De acordo com informações divulgadas pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE), essa espécie está distribuída geograficamente na Bahia, Sudeste, Centro-oeste e Sul, e têm como características;
- Cerca de sete centímetros de comprimento;
- Cor castanho amarelado com manchas nas pernas e palpos;
- Espécies encontradas na região Sul apresentam uma coloração mais escura;
- Possui três faixas longitudinais na face dorsal do tronco e espinho sob o ferrão.
Taturana
Com nome científico Lonomia obliqua, a taturana é um inseto pertencente ao grupo dos Lepidópteros (borboletas e mariposas). Conforme dados do Instituto Butantan, há duas famílias no Brasil: a dos Megalopigídeos e a dos Saturnídeos, as quais têm apresentado ocorrências de acidentes.
Com tamanhos que podem variar de um a oito centímetros de comprimento, as taturanas podem apresentar o corpo recoberto por estruturas pontiagudas e urticantes, algumas espécies apresentam pêlos longos, sedosos e com cores variadas. O nome taturana vem do tupi antigo tataûrana, que significa "que se parece com fogo escuro".
“Elas vivem naturalmente em áreas de florestas, porém, também são encontradas em árvores do meio urbano e rural. Na nossa região temos espécies de lagartas que causam reações locais urticantes e queimação. Porém, também temos a ocorrência da espécie Lonomia obliqua que pode causar casos graves com alterações na coagulação sanguínea (hemorragias)”, explica a bióloga.
Cuidados
Utilizar materiais adequados e preservar seus predadores naturais, são cuidados básicos, mas suficientes para evitar acidentes com escorpiões.
“Para evitar acidentes no caso de escorpiões, as pessoas devem usar epis (luvas) , camisas e calças compridas ao mexer no quintal, lenha, madeiras e entulhos. Também devem retirar o lixo de seus terrenos, acondicionado em sacos plásticos para evitar a proliferação de baratas, que é um dos principais alimentos dos escorpiões. Além disso, devem evitar formar abrigos para os escorpiões como são os entulhos de construção e outros materiais. Esses materiais devem ser retirados dos terrenos. As fossas sépticas devem ser bem vedadas para evitar a presença de baratas e de escorpiões, em consequência. E preservar os predadores naturais dos escorpiões que são os gambás (inclusive são imunes ao veneno dos escorpiões), sapos, lagartos, corujas, lagartixas e outros”, explica Vanessa.
Já no caso das lagartas, é importante o cuidado ao lidar com plantas em atividades ao ar livre. “Para evitar acidentes no caso das taturanas e outras lagartas, deve-se evitar o contato com elas e verificar sempre as árvores e folhas. Em atividades de jardinagem, sempre utilizar roupas de manga longa e usar luvas de raspas de couro e calçados fechados”, afirma a bióloga.
Caso a população identifique a presença de escorpiões e lagartas, é necessário avisar a vigilância epidemiológica através do telefone 3441-8580 para a busca e coleta de animais.
Fotos: Vanessa Nickel/Divulgação/Dive