Eleições 2024: Professor Alessandro fala sobre pré-candidatura à Prefeitura de Xanxerê
Nesta edição da série de entrevistas do TSX com os pré-candidatos à Prefeitura de Xanxerê, conversamos com Alessandro Antonioli, do PT. Atualmente, ele ocupa o cargo de vereador do município e é servidor público no Instituto do Meio Ambiente (IMA).
Com 46 anos, a serem completados no próximo dia 6 de agosto, também Dia do Padroeiro do município, o Professor Alessandro é uma figura já conhecida na política xanxerense e, nesta entrevista exclusiva, ele compartilha suas visões e ideias para Xanxerê. Acompanhe:
1. O PT é um partido forte em Xanxerê, com muitos nomes conhecidos, mas nunca conseguiu alcançar o cargo de prefeito. O que pode ter atrapalhado essa conquista nas últimas eleições e o que o PT traz de diferente nesta eleição em termos de estratégia para alcançar esse feito?
Resposta: Não é possível reduzir a poucos elementos ou condicionantes os insucessos que o PT teve nas eleições municipais até agora. Sabemos que não é fácil e nem simples um trabalhador no governo. Temos recursos financeiros limitados, temos dificuldades por pressões sociais em nossos quadros, conjunturas específicas de cada ano político-eleitoral. A comunicação também é algo que conta bastante, pois foram criados estereótipos em relação ao partido dos trabalhadores no decorrer dos tempos. Assim como em outras eleições, o PT vem forte e unido. Temos uma relação muito próxima com o governo federal, e isso pode nos trazer a legitimidade e recursos para apresentar propostas e cumpri-las. Vamos fazer um plano de governo que apresente propostas reais. Não vamos iludir a população, mas trazer a realidade do que pode ser executável, e vamos batalhar muito para que o povo de Xanxerê vote em quem não promete, mas faz. O PT foi o partido que historicamente mais trouxe recursos para o município de Xanxerê, mesmo não sendo governo. Vamos mostrar para a população que o PT não é o problema para o município, mas é, e sempre foi a solução. Os maiores saltos econômicos, sociais e estruturais foram com recursos que os governos do PT proporcionaram. Se não fosse o Partido dos Trabalhadores e os recursos que buscamos, não teríamos a Creche Lídia Bortoluzzi, postos de saúde, arena de esportes, BR-282, rede de saneamento básico, praça reformada, Samu, todas as casas que foram financiadas pelo Programa Minha Casa Minha Vida, e por aí vai.
2. A maior parte dos candidatos se colocam como de direita, sendo, até o momento, o PT o único partido de esquerda na disputa. Na sua opinião, isso ajuda a fortalecer o Partido dos Trabalhadores nesta eleição?
Resposta: Sim, pois não faz muito sentido uma pessoa que votou no Lula não fazer força para que o governo do município tenha interesse em captar os recursos do governo federal. É como ter votado no Lula e sabotar o próprio voto. Xanxerê não inscreveu nenhuma obra no PAC-Seleções e os maiores recursos do governo federal estão relacionados ao PAC-Seleções, com isso vamos deixar de arrecadar milhões em investimentos. Vamos mostrar para o eleitor de esquerda que nós temos capacidade para governar o município e fazer o melhor governo da história. Esse é um dos motivos que deixa nossa pré-candidatura tão forte nesse momento histórico.
3. A esquerda - e o PT principalmente - têm enfrentado nos últimos anos um sentimento de "antipetismo", que é ainda mais forte aqui na região Sul do país. Isso cresceu bastante após escândalos com denúncias de corrupção e o próprio impeachment da Dilma e a prisão do presidente Lula, mas, hoje, se alimenta especialmente de discursos usando termos como comunismo, socialismo e outros colocados de maneira pejorativa, que tem surtido efeito no enfraquecimento dos partidos de centro-esquerda e esquerda junto a uma parcela da população. Como você e seus colegas de partido têm agido e pretendem agir nesta eleição para mudar essa imagem distópica da esquerda aqui no município e na própria região Oeste?
Resposta: Na minha visão o “antipetismo” sempre existiu e já foi mais forte em momentos anteriores. Embora tenhamos entre 2000 e 2016 mantido uma boa sequência de votos, o antipetismo sempre foi muito forte. Não acredito que seja pelas denúncias de corrupção, que depois foram provadas infundadas, e comprovadas que foram apenas desejo político de um Juiz federal de primeira instância. Recentemente foi desvendada a corrupção até no TRF4 que julgou o presidente em segunda instância. Penso que aquele momento foi um gatilho para libertar um discurso fácil de corrupção. O ex-presidente Bolsonaro, já foi condenado em dois processos, e agora está sendo indiciado por roubar joias do patrimônio público da União, se é fato ou não a justiça dirá. Mas isso não tem atingido a reputação do ex-presidente. Acredito que a luta de classes, que é uma realidade, é mascarada nesse momento pelo sistema. Mudam-se os nomes de trabalhadores para colaboradores, mas a relação continua sendo a mesma. Só que, com o governo Lula, após os anos 2000, muitos conseguiram abrir suas empresas e trabalhadores se tornaram empregadores. Alguns compreenderam que isso foi um processo econômico e social, resultado de políticas públicas. Outros, no entanto, entenderam que foi apenas o seu mérito. O desafio está sendo agora comunicar e mostrar para as pessoas que os governos do PT sempre ajudaram muito Xanxerê e sempre ajudaram muito nossa região.
4. O que o fez se colocar à disposição para esta eleição e por que o nome do Professor Alessandro para representar o PT neste pleito?
Resposta: Estamos em um momento histórico em que nossos quadros com visibilidade, experiência e preparo precisam se colocar à disposição para disputar o pleito. Me coloquei à disposição por ter a certeza de que tenho capacidade e estou preparado para executar todas as políticas do governo federal em nosso município. Eu nasci em Xanxerê. Nasci em família pobre e filho de mãe solteira, morei em bairros distantes do centro. Embora em um primeiro momento não tive um pai presente, hoje temos uma ótima relação. Diversos pais me ajudaram na jornada, pais de amigos meus que eram médicos, advogados, engenheiros, outros apenas trabalhadores braçais, prestadores de serviços, empresários. Tive vários pais que me adotaram durante minha jornada. Também posso dizer que tive além da minha mãe, o carinho de várias mães que me estenderam a mão. Tive a oportunidade de ter professoras e professores maravilhosos que me levaram ao mundo da ciência. Hoje sinto que estou capacitado, sei ouvir todas as versões de um mesmo assunto para tomar uma posição que de fato seja coerente. Às vezes, a posição tomada não é a que escolhemos, mas é a que o momento histórico nos permite tomar. Eu quero ver minha cidade melhor, pois é nela que eu vivo, e é essa a cidade que eu quero que seja a melhor para todos vivermos.
5. Em relação às alianças políticas para esta eleição municipal, como o PT está trabalhando em Xanxerê? Já existe um vice em vista?
Resposta: Sim, já temos vice em vista e possivelmente será do próprio partido. As coligações além da frente PT – PC-do-B – PV, se abrem para partidos do campo de esquerda e centro esquerda.
6. Como você vê Xanxerê atualmente e como gostaria de ver no futuro?
Resposta: Ainda somos uma cidade muito incompleta! Incompleta para quem quer investir, incompleta para quem procura saúde, incompleta para o servidor público, incompleta para o morador dos bairros, incompleta para quem sofre com os alagamentos, incompleta em espaços de lazer, incompleta em moradia, incompleta no próprio planejamento urbano. Muitas coisas ainda são travadas em setores da prefeitura e infelizmente não há resolução se não houver mudança na forma de ver a administração pública. Eu quero uma Xanxerê que inclua todos, uma Xanxerê que permita investimentos seguros, permita a criação de empregos, permita a inclusão, permita a abertura do mercado de trabalho, mas com qualidade desse trabalho.
Foto: Arquivo pessoal